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quarta-feira, 20 de maio de 2020

TESTE SOBRE O BARROCO


1(L.P. Truques e Táticas) Leia o trecho da introdução do Sermão de Santo Antônio aos Peixes

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salgo, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salgo, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salgo, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salgo, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!



Em relação ao estilo do Barroco empregado por vieira no trecho acima pode se afirmar que

(A)  Padre Vieira emprega, principalmente, o Conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio.

(B)  O autor usa excessos de figuras de linguagem que enfatizam o contraste da estética barroca

(C)  utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular), linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias.

(D)  As inversões muito utilizadas no Barroco foram usadas por Vieira a fim de ressaltar as características desse estilo de época

(E)   Esse estilo utilizado por Vieira no Sermão de Santo Antônio aos Peixes é chamado também de Gongorismo em homenagem a um escritor espanhol

2.(L.P. Truques e Táticas) Depreende-se do texto (questão 1) que Viera

(A)   usa a metáfora do sal para ressaltar o empenho dos pregadores em pregar a palavra de Deus

(B)  Afirma que os pregadores são responsáveis pela corrupção, já que não fazem na terra o que faz o sal

(C)  Culpabiliza os ouvintes pela corrupção na terra, uma vez que não seguem os ensinamentos dos pregadores

(D)  Levanta vários questionamentos a respeito da corrupção a partir da metáfora sal da terra

(E)   Afirma que a causa da corrupção é o fato de os pregadores pregarem a si e não a Cristo

3.       Leia o fragmento a seguir.

[...]Sabeis, cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, por que não faz fruto a palavra de Deus? - Por culpa nossa.”[...] (VIEIRA, Antônio. Padre Vieira. Essencial. São Paulo: Penguin/Companhia das Letras, 2011. P.143, 148-150.)

Nesse trecho Vieira faz uma crítica:

(A)    A linguagem utilizada pelos pregadores de sua época, considerando-os culpados pelo fato de a palavra de Deus não causar a conversão dos ouvintes.

(B)  Ao papel do cristão na evangelização do mundo, que não põe em prática a palavra, pois, existem ouvintes de vontades endurecidas.  

(C)  A falta de domínio da matéria, isto é, da falta de conhecimento de como deve ser produzido um sermão é a principal causa desse insucesso.

(D)  A forma de expressão oral de forma coloquial, considerada a causa maior da pouca frutificação do trabalho de evangelização da época. 

(E)   A evangelização que tem pouco fruto porque os pregadores não semeiam a palavra de Deus de acordo com as conveniências dos ouvintes.



    4.Leia o fragmento a seguir.

        Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? 

 (VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965.)



Padre Antônio Vieira apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações para



(A)    Conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações.

(B)  Provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão.

(C)  Inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações.

(D)  Questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.

(E)   Apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas.





5.(L.P. Truques e Táticas) Leia o trecho do Sermão do Bom Ladrão de Padre Antônio Vieira

Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam. 

VIEIRA. Padre Antônio. Sermão do bom ladrão. Disponível em:



A análise que não está de acordo como fragmento acima é:

(A) critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente.

(B) critica as injustiças explicitando a desproporcionalidade das punições

(C) O sermão apresenta uma visão crítica sobre o comportamento imoral da nobreza, da época.

(D) discorre sobre diferentes tipos de ladrões e punições, ressaltando aqueles que são mais nocivos à sociedade

(E) tenta persuadir o leitor sobre a ideia de que todos os tipos de ladrões devem ser vistos da mesma maneira,  já que ambos são criminosos



6.(L.P. Truques e Táticas) O poema a seguir pertence a temática religiosa do poeta barroco, Gregório de Matos Guerra

A Cristo S. N. crucificado
estando o poeta na última hora de sua vida

Meu Deus, que estais pendente de uma madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso cordeiro.



Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.





Não está de acordo com o texto acima

(A)   O poeta dirige-se a Deus de forma humilde, como um pecador arrependido, mas inseguro em relação a misericórdia divina

(B)   O poeta utiliza uma linguagem bem elaborada apelando para a misericórdia divina

(C)  o poeta expressa a contrição religiosa e a crença no amor infinito de Cristo, para manifestar, no final, a certeza do perdão

(D)  Deus está sempre disposto ao perdão, por sua misericórdia e bondade; daí deriva sua maior glória.

(E)   O poeta primeiramente confessa o seu pecado para apelar para o perdão



7(L.P. Truques e Táticas) O poema a seguir pertence a temática lírica de Gregório de Matos

Pondera agora com mais atenção a formosura de D. Ângela.

Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.

Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.





Não está de acordo com o texto a ideia de que o eu lírico

(A)   Primeiramente é movido pela curiosidade em relação a beleza da mulher

(B)  Vê na beleza da mulher a própria desventura

(C)  Sente-se aprisionado pela beleza física e pela paixão

(D)   está entre o plano carnal e o espiritual

(E)   Opta pelo plano material, isto é, pelo desejo carnal



8 Observe a poesia lírica de Gregório de Matos Guerra:



A MESMA D. ÂNGELA

Anjo no nome, Angélica na cara!

Isso é ser flor, e Anjo juntamente,

Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, senão em vós se uniformara:



Quem vira uma tal flor que a não cortara,

De verde pé, da rama florescente;

E quem um anjo vira tão luzente,

Que Por seu Deus, o não idolatrara?

Se, pois como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda

Livrara eu de Diabólicos azares.



Mas vejo que, por bela e por galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois anjo que me tenta e não me guarda.



Dele só não podemos afirmar que:



(A)    O toque barroco aparece no jogo de contradições revelado nos tercetos: se a bela mulher é anjo, como é possível que, em vez de garantir proteção , cause apenas a tentação ao eu lírico?

(B)  Há uma preocupação existencial no soneto que é fazer da mulher um ser contraditório mas que opta ao final pela espiritualidade própria da escola barroca, induzida pela Contrarreforma católica.

(C)  O soneto transcrito revela muito do estilo cultista adotado por Gregório. Notamos, em primeiro lugar, ao observar o trocadilho anjo-angélica.

(D)  Este é um bom exemplo de soneto que mantém a imagem feminina angelical e a tentação da carne que atormenta o espirito.

(E)   O soneto se inicia com uma louvação de uma beleza angelical e se encerra como advertência contra uma tentação.



9. Que figuras de linguagem muito utilizadas no Barroco sobressaem na 1ª e última estrofes do poema A mesma D. Ângela de Gregório de Matos ( questão 10)?

(A)     Prosopopeia e antítese.

(B)  Antítese e metáfora.

(C)  Metáfora e paradoxo

(D)  Metáfora e hipérbole.

(E)   Antítese e hipérbole.



  10. Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I – O poeta explora o paralelo entre Anjo e Angélica e revela a condição perecível e doméstica da flor, permitindo que se perceba a uniformização pretendida pelo barroco, a qual estabelece regras poéticas rígidas.
II – A mulher Anjo Luzente, no poema, encarna tanto o anjo protetor que livra “de diabólicos azares”, quanto a criatura feminina tentadora que provoca a imaginação e a sensualidade.
III – A associação e o contraste da flor, que seria cortada do verde pé, com o Anjo luzente a ser idolatrado, indica o diálogo do poeta (vós) com o anjo enviado dos céus para proteger os altares de sua esposa.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B
) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.



1.1Leia o texto abaixo.

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu



(GUERRA Gregório de Matos. Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra. Rio de Janeiro: Record, 1990.)

A alternativa que explicita a ideia do poema é:



(A)              O poema é focado na exploração das ideias; nele está presente a figura de linguagem como antítese e paradoxo.

(B)              O caráter de jogo verbal próprio do estilo do poeta, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.

(C)              O poema é focado na ética, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador da cidade da Bahia.

(D)              O poema cria jogo de imagens, através das palavras e construções sintáticas próprio da poesia religiosa.

(E)              O poema faz uma reflexão filosófica sobre o comportamento social da Bahia e da Colônia de um modo geral.







O texto abaixo refere-se à questão número 12

Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

 Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.



 A ti trocou-te a máquina mercante,

que em tua larga barra tem entrado,

 A mi foi-me trocando e tem trocado

 Tanto negócio e tanto negociante.



 Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.



 Oh se quisera Deus que de repente

 Um dia amanheceras tão sisuda

 Que fora de algodão o teu capote!



(UFRGS ) - Com relação ao soneto de Gregório de Matos acima transcrito, assinale a afirmação incorreta.

(A) A expressão quão dessemelhante (verso 1) aponta um contraste entre o passado e o presente, entre um antigo estado (verso 2) e um estado atual.

(B) À lamentação expressa no primeiro quarteto, segue-se, no segundo, a menção às forças motivadoras da transformação do estado anterior.

(C) As transformações sofridas pela Bahia e pelo poeta aconteceram no passado e já se encerraram, conforme se pode constatar no segundo quarteto.

(D) No primeiro Terceto, o caráter lesivo das trocas mencionadas torna-se evidente pelo contraste entre a excelência do açúcar e a inutilidade das drogas.

(E) As duas últimas estrofes expressam o desejo do poeta de ver a Bahia modificar-se: passar de abelhuda a sisuda.



Nasce o Sol e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.



Porém se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,

Na formosura na se dê constância,

E na alegria sinta-se a tristeza.

Começa o mundo em fim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância. (MATOS, Gregório. 25 poemas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998. p.44.)01)



13. O poema cria uma analogia. Para isso, contrapõe imagens que

(A)    estabelece um paralelo entre os processos naturais e a experiência de viver.

(B)    afirmam que a Luz e formosura estão destinadas a desaparecer.

(C)    queixam da brevidade da vida e da instabilidade do mundo.

(D)    veem o mundo às avessas, em que o fugaz é o que permanece.

(E)     o destino das tristezas é se transformarem em alegria.

14 Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:

(A)   O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o antropocentrismo renascentista

(B)   O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e vida

(C)   O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na cultura Greco-latina

(D)  A arte barroca é vinculada à Contrarreforma

(E)   O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérbole e de metáforas




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