1(L.P. Truques e Táticas) Leia o trecho da introdução do Sermão de Santo
Antônio aos Peixes
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da
terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o
sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão
corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual
será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salgo, ou
porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salgo, e os
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa
salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem
receber. Ou é porque o sal não salgo, e os pregadores dizem uma cousa e fazem
outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar
o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salgo, e os
pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é
tudo isto verdade? Ainda mal!
Em relação ao estilo do Barroco
empregado por vieira no trecho acima pode se afirmar que
(A) Padre Vieira emprega, principalmente, o
Conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio.
(B) O autor usa excessos de figuras de linguagem que enfatizam o contraste
da estética barroca
(C) utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular), linguagem
rebuscada e ornamental para expressar as ideias.
(D) As inversões muito utilizadas no Barroco foram usadas por Vieira a fim
de ressaltar as características desse estilo de época
(E) Esse estilo utilizado por Vieira no
Sermão de Santo Antônio aos Peixes é chamado também de Gongorismo em homenagem a
um escritor espanhol
2.(L.P. Truques e Táticas)
Depreende-se do texto (questão 1) que Viera
(A) usa a metáfora do sal para ressaltar o empenho dos pregadores em
pregar a palavra de Deus
(B) Afirma que os pregadores são responsáveis pela corrupção, já que não
fazem na terra o que faz o sal
(C) Culpabiliza os ouvintes pela corrupção na terra, uma vez que não seguem
os ensinamentos dos pregadores
(D) Levanta vários questionamentos a respeito
da corrupção a partir da metáfora sal da
terra
(E) Afirma que a causa da corrupção é o
fato de os pregadores pregarem a si e não a Cristo
3. Leia o fragmento a seguir.
[...]Sabeis, cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus? Por
culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, por que não faz fruto a palavra de
Deus? - Por culpa nossa.”[...] (VIEIRA, Antônio. Padre Vieira. Essencial. São
Paulo: Penguin/Companhia das Letras, 2011. P.143, 148-150.)
Nesse trecho Vieira faz uma crítica:
(A) A linguagem utilizada pelos pregadores de
sua época, considerando-os culpados pelo fato de a palavra de Deus não causar a
conversão dos ouvintes.
(B) Ao papel do cristão na evangelização do mundo, que não põe em prática a
palavra, pois, existem ouvintes de vontades endurecidas.
(C) A falta de domínio da matéria, isto é, da falta de conhecimento de como
deve ser produzido um sermão é a principal causa desse insucesso.
(D) A forma de expressão oral de forma coloquial, considerada a causa maior
da pouca frutificação do trabalho de evangelização da época.
(E) A evangelização que tem pouco fruto porque os pregadores não semeiam a
palavra de Deus de acordo com as conveniências dos ouvintes.
4.Leia o fragmento a seguir.
Nunca na Igreja de Deus houve
tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a
palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão
entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que
se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a
sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de
Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que
não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus?
(VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965.)
Padre Antônio Vieira apresenta como estratégia discursiva sucessivas
interrogações para
(A) Conduzir o interlocutor à sua própria
reflexão sobre os temas abordados nas pregações.
(B) Provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será
abordado no sermão.
(C) Inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das
pregações.
(D) Questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.
(E) Apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas.
5.(L.P. Truques e Táticas) Leia o
trecho do Sermão do Bom Ladrão de Padre Antônio Vieira
Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os
que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e
dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os
exércitos, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os
quais, já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros
ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam
debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são
enforcados; estes furtam e enforcam.
VIEIRA. Padre Antônio. Sermão do bom ladrão. Disponível em:
A análise que não está de acordo como fragmento acima é:
(A) critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer
ilicitamente.
(B) critica as injustiças explicitando a desproporcionalidade das
punições
(C) O sermão apresenta uma visão crítica sobre o comportamento imoral da
nobreza, da época.
(D) discorre sobre diferentes tipos de ladrões e punições, ressaltando
aqueles que são mais nocivos à sociedade
(E) tenta persuadir o
leitor sobre a ideia de que todos os tipos de ladrões devem ser vistos da mesma
maneira, já que ambos são criminosos
6.(L.P. Truques e Táticas) O poema a
seguir pertence a temática religiosa do poeta barroco, Gregório de Matos Guerra
A Cristo S. N. crucificado
estando o poeta na última hora de sua vida
Meu Deus, que estais pendente de uma madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso cordeiro.
estando o poeta na última hora de sua vida
Meu Deus, que estais pendente de uma madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso cordeiro.
Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito
Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito
Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
Não está de acordo com o texto acima
(A) O poeta dirige-se a Deus de forma
humilde, como um pecador arrependido, mas inseguro em relação a misericórdia
divina
(B) O poeta utiliza uma linguagem bem elaborada apelando para a
misericórdia divina
(C) o poeta expressa a contrição religiosa e a crença no amor infinito de
Cristo, para manifestar, no final, a certeza do perdão
(D) Deus está sempre disposto ao perdão, por sua misericórdia e bondade; daí
deriva sua maior glória.
(E) O poeta primeiramente confessa o seu pecado para apelar para o perdão
7(L.P. Truques e Táticas) O poema a
seguir pertence a temática lírica de Gregório de Matos
Pondera agora com mais atenção a
formosura de D. Ângela.
Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.
Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.
Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.
Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.
Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.
Não está de acordo com o texto a ideia de
que o eu lírico
(A) Primeiramente é movido pela curiosidade em relação a beleza da
mulher
(B) Vê na beleza da mulher a própria desventura
(C) Sente-se aprisionado pela beleza física e pela paixão
(D) está entre o plano carnal e o espiritual
(E) Opta pelo plano material, isto é, pelo
desejo carnal
8 Observe a poesia lírica de
Gregório de Matos Guerra:
A
MESMA D. ÂNGELA
Anjo
no nome, Angélica na cara!
Isso
é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser
Angélica flor, e Anjo florente,
Em
quem, senão em vós se uniformara:
Quem vira uma tal flor que a não cortara,
De
verde pé, da rama florescente;
E
quem um anjo vira tão luzente,
Que Por seu Deus, o não idolatrara?
Se,
pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda
Livrara eu de Diabólicos azares.
Mas
vejo que, por bela e por galharda,
Posto
que os Anjos nunca dão pesares,
Sois
anjo que me tenta e não me guarda.
Dele
só não podemos afirmar que:
(A) O
toque barroco aparece no jogo de contradições revelado nos tercetos: se a bela
mulher é anjo, como é possível que, em vez de garantir proteção
, cause apenas a tentação ao eu lírico?
(B) Há uma preocupação
existencial no soneto que é fazer da mulher um ser contraditório mas que opta
ao final pela espiritualidade
própria da escola barroca, induzida pela Contrarreforma católica.
(C) O
soneto transcrito revela muito do estilo cultista adotado por Gregório.
Notamos, em primeiro lugar, ao observar o trocadilho anjo-angélica.
(D) Este
é um bom exemplo de soneto que mantém a imagem feminina angelical e
a tentação da carne que atormenta o espirito.
(E) O
soneto se inicia com uma louvação de uma beleza angelical e se encerra como
advertência contra uma tentação.
9. Que figuras de linguagem muito utilizadas no Barroco sobressaem
na 1ª e última estrofes do poema A mesma D. Ângela de Gregório de Matos (
questão 10)?
(A) Prosopopeia
e antítese.
(B) Antítese
e metáfora.
(C) Metáfora e paradoxo
(D) Metáfora
e hipérbole.
(E) Antítese
e hipérbole.
10. Considere as seguintes afirmações
sobre o poema.
I – O poeta explora o paralelo entre Anjo e Angélica e revela a condição perecível e doméstica da flor, permitindo que se perceba a uniformização pretendida pelo barroco, a qual estabelece regras poéticas rígidas.
II – A mulher Anjo Luzente, no poema, encarna tanto o anjo protetor que livra “de diabólicos azares”, quanto a criatura feminina tentadora que provoca a imaginação e a sensualidade.
III – A associação e o contraste da flor, que seria cortada do verde pé, com o Anjo luzente a ser idolatrado, indica o diálogo do poeta (vós) com o anjo enviado dos céus para proteger os altares de sua esposa.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.
I – O poeta explora o paralelo entre Anjo e Angélica e revela a condição perecível e doméstica da flor, permitindo que se perceba a uniformização pretendida pelo barroco, a qual estabelece regras poéticas rígidas.
II – A mulher Anjo Luzente, no poema, encarna tanto o anjo protetor que livra “de diabólicos azares”, quanto a criatura feminina tentadora que provoca a imaginação e a sensualidade.
III – A associação e o contraste da flor, que seria cortada do verde pé, com o Anjo luzente a ser idolatrado, indica o diálogo do poeta (vós) com o anjo enviado dos céus para proteger os altares de sua esposa.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) I, II e III.
1.1Leia
o texto abaixo.
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
(GUERRA
Gregório de Matos. Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra. Rio de
Janeiro: Record, 1990.)
A
alternativa que explicita a ideia do poema é:
(A)
O poema é focado na
exploração das ideias; nele está presente a figura de linguagem como antítese e
paradoxo.
(B)
O
caráter de jogo verbal próprio do estilo do poeta, a serviço de uma crítica, em
tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.
(C)
O poema é focado na
ética, por meio da qual o poeta se investe das
funções de um autêntico moralizador da cidade da Bahia.
(D)
O poema cria jogo
de imagens, através das palavras e construções sintáticas próprio da poesia
religiosa.
(E)
O poema faz uma
reflexão filosófica sobre o comportamento social da Bahia e da Colônia de um
modo geral.
O texto abaixo refere-se à questão
número 12
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi
empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina
mercante,
que em tua larga barra tem entrado,
A mi foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto
negociante.
Deste em dar tanto açúcar
excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de
repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu
capote!
(UFRGS ) - Com relação ao soneto de
Gregório de Matos acima transcrito, assinale a afirmação incorreta.
(A) A expressão quão dessemelhante
(verso 1) aponta um contraste entre o passado e o presente, entre um antigo
estado (verso 2) e um estado atual.
(B) À lamentação expressa no primeiro
quarteto, segue-se, no segundo, a menção às forças motivadoras da transformação
do estado anterior.
(C) As transformações sofridas pela Bahia e pelo
poeta aconteceram no passado e já se encerraram, conforme se pode constatar no
segundo quarteto.
(D) No primeiro Terceto, o caráter
lesivo das trocas mencionadas torna-se evidente pelo contraste entre a
excelência do açúcar e a inutilidade das drogas.
(E) As duas últimas estrofes
expressam o desejo do poeta de ver a Bahia modificar-se: passar de abelhuda a
sisuda.
Nasce
o Sol e não dura mais que um dia,
Depois
da Luz se segue a noite escura,
Em
tristes sombras morre a formosura,
Em
contínuas tristezas a alegria.
Porém
se acaba o Sol, por que nascia?
Se é
tão formosa a Luz, por que não dura?
Como
a beleza assim se transfigura?
Como
o gosto da pena assim se fia?
Mas
no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na
formosura na se dê constância,
E na
alegria sinta-se a tristeza.
Começa
o mundo em fim pela ignorância,
E
tem qualquer dos bens por natureza
A
firmeza somente na inconstância. (MATOS, Gregório. 25 poemas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1998.
p.44.)01)
13. O poema cria uma analogia. Para isso, contrapõe
imagens que
(A) estabelece um paralelo entre os
processos naturais e a experiência de viver.
(B) afirmam
que a Luz e formosura estão destinadas a desaparecer.
(C) queixam
da brevidade da vida e da instabilidade do mundo.
(D) veem
o mundo às avessas, em que o fugaz é o que permanece.
(E) o
destino das tristezas é se transformarem em alegria.
14 Com referência ao Barroco, todas
as alternativas são corretas, exceto:
(A) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de
tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval
e, de outro, o antropocentrismo renascentista
(B) O Barroco estabelece
contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e vida
(C) O homem centra suas
preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na
cultura Greco-latina
(D) A arte barroca é vinculada à
Contrarreforma
(E) O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérbole e
de metáforas
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