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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Língua culta e língua coloquial



TEXTO I



Aula de Português
              
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Carlos Drummond Andrade


                                          

TEXTO II

Português é muito difícil”
Essa afirmação preconceituosa é prima-irmã da ideia [...] de que “brasileiro não sabe português”. Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, as regras que aprendemos na escola em parte não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil. Por isso achamos que “português é uma língua difícil”: porque temos de decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nosso ensino de português se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil é bem provável que ninguém mais continue a repetir essa bobagem.
Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, no sentido científico do verbo saber, significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela.
Está provado e comprovado que uma criança entre os 3 e 4 anos de idade já domina perfeitamente as regras gramaticais de sua língua! O que ela não conhece são sutilezas, sofisticações e irregularidades no uso dessas regras, coisas que só a leitura e estudo podem lhe dar. Mas nenhuma criança brasileira dessa idade vai dizer, por exemplo: “Uma meninos chegou aqui amanhã”. Um estrangeiro, porém, que esteja começando a aprender português, poderá se confundir e falar assim. [...]
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, corno se faz. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2000. p. 35.  (Fragmento.)
1.       A respeito do texto II está correta a opção:
A.     O autor defende a ideia de que brasileiro não sabe português
B.      Português é uma língua muito difícil
C.      A língua deve ser baseada em regras
D.     O Português é fácil desde que se concentre no seu uso real e espontâneo.

2.       “Uma meninos chegou aqui amanhã”. Segundo o autor do texto II, essa frase não seria dita por nenhuma criança brasileira, já que:
a.       A criança aprende as regras da língua na escola
b.       Tem preocupação com o emprego correto da língua
c.       Conhece a gramática de sua língua
d.       Conhece as sofisticações de sua língua
3.       “Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua”.  A língua que todo falante sabe, segundo o autor do texto II, é mencionada no texto I como se observa no trecho:
a.      linguagem na superfície estrelada de letras 
b.       Professor Carlos Góis, ele é quem sabe
c.      Figuras de gramática, esquipáticas
d.     A linguagem na ponta da língua



4.       No texto I, o poeta expressa o contraste ente marcas de variação de uso da linguagem em:
a.       Situações formais e informais
b.       Diferentes regiões do país
c.       Diferentes épocas
d.       Textos técnicos e poéticos

5.       No poema, a referencia à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:
a.       A linguagem na ponta da língua
b.       A linguagem na superfície estrelada de letras
c.       A língua em que pedia para ir lá fora
d.       A língua do namoro com a prima

6.       A língua do namoro com a prima no texto I seria a que o autor do texto II considera:
A.     Real, viva e verdadeira
B.      Língua com sutilezas e sofisticações
C.      Língua que se aprende através de leituras
D.     Língua baseada em regras gramaticais



   Cilada verbal

Há vários modos de
Matar um homem:
Com o tiro, a fome
a espada
Ou com a palavra
– envenenada.
Não é preciso força.
Basta que a boca solte
a frase engatilhada
e o outro morre
na sintaxe da
emboscada.



SANT’ANNA, Affonso Romano de. O Globo, Rio de Janeiro, 1995.           


07. No poema acima, o poder da linguagem é comparado ao poder de uma arma ou de um veneno.
As alternativas abaixo contém exemplos, retirados do poema, de expressões que refletem essa imagem metafórica da linguagem, EXCETO
a) com a palavra envenenada.
b) solte a frase engatilhada.
c) morre na sintaxe da emboscada.
d) matar um homem com a espada.

08. Todas as palavras abaixo pertencem à classe dos substantivos, exceto:


a.       Homem
b.       Fome
c.       Espada
d.       Engatilhada





09. Ou com a palavra
– envenenada
A palavra em destaque é um adjetivo assim como a que está em destaque na alternativa:
a.       Criança brasileira
b.      A brasileira
c.       Uso real
d.       Falante nativo

10. Mas nenhuma criança brasileira dessa idade vai dizer, por exemplo: “Uma meninos chegou aqui amanhã”. A conjunção em destaque pode ser substituída sem alteração de sentido da oração por:


a. e
b. por isso
c. entretanto
d. portanto

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